As Redes Sociais e a Marca Pessoal
Como qualquer marca de um produto ou serviço, a marca de cada um de nos tem atributos, como sejam a personalidade, interesses, profissão, capacidades e competências, aspeto, comportamento, etc. Construir uma marca, normalmente, demora tempo e requer investimento. Para ser eficaz, uma marca, para além de ter de ser atrativa para o seu mercado alvo, tem de ser diferente das outras, para poder facilmente ser escolhida no universo concorrencial em que se insere. Mas, para além das caracterÃsticas especÃficas que cada marca tem e que supostamente, se estivermos a falar de uma pessoa, são únicas, há um aspeto fundamental que deve ser levado em linha de conta: a consistência.
Para que uma pessoa possa ser percebida como sendo A ou B, ela deve evidenciar um conjunto de atributos e comportamentos de uma forma coerente e continuada e em todas as situações que façam com que todos os que com ela contactem fiquem com a perceção de que ela e realmente aquilo. A questão aqui e que o aquilo é a marca que a pessoa quer e/ou saiba que tem.
É importante ter-se a noção de que uma marca pessoal, que leva uma vida a construir, pode ser desfeita por um único acontecimento. Ainda recentemente, no paÃs vizinho, um ex-polÃtico e atual comentador politico muito ex-respeitado foi apanhado pela polÃcia após provocar um acidente rodoviário com uma taxa de alcoolemia três vezes superior ao permitido por lei. Acredito que a sua marca pessoal tenha sido seriamente afetada pelo facto e estou certo que se ele tivesse pensado bem nos danos que iria causar a sua imagem (para alem de outros potenciais) teria apanhado um táxi antes de entrar no carro.
Cito este exemplo mais dramático, simplesmente para reforçar a ideia da importância da consistência, embora sejam normalmente as pequenas coisas que mais afetam almoçar marca pessoal sem que nos nos apercebamos. Há uns anos, vinha eu de almoçar, entrei no edifÃcio do escritório da Boyden. Estava na altura a fazer entrevistas para recrutar um CEO para uma empresa cliente e tinha uma marcada para dai a cinco minutos. Dirigi-me ao elevador e cumprimentei com um formal boa tarde a pessoa que já la estava a espera, que me respondeu com um sobranceiro silencio. A arrogância da sua postura transformou-se por completo ao perceber minutos mais tarde que eu era a pessoa que o ia entrevistar. No entanto, para mim, um dos atributos da sua marca pessoal estava definido e não me agradou. Acredito que ele nunca soube que esse facto pode ter feito a diferença na sua vida.
Com o advento das redes sociais, em especial aquelas mais associadas a vida priva¬da, muitos de nos expõem-se de uma forma que não coincide com a marca pessoal que pretendemos transmitir na vida profissional. Muitas vezes ouço o argumento que a vida privada é uma coisa e a vida profissional outra. Errado! A nossa marca pessoal é uma, e as pessoas quando a avaliam avaliam-na como um todo. E não se pense que só os “amigos” vêem o que se publica nas redes. Hoje é muito fácil consultar tudo o que se publica. Muitas empresas de recrutamento vão investigar o que as pessoas publicam para conhecerem melhor com quem estão a lidar.
O meu conselho é que sejam muito criteriosos/as relativamente a tudo o que publicam nas redes sociais. E o critério deve ser se está de acordo ou não com a marca pessoal que querem ter. Para alem disso convém não esquecer que uma vez online, allways online, ou seja, nunca publiquem nada que mais tarde se venham a arrepender. A vida dá muitas voltas e nunca se sabe onde se vai estar (ou onde se gostaria de estar) daqui a cinco anos.
As redes sociais devem ser utilizadas estrategicamente como uma ferramenta de marketing pessoal para gestão da marca. Claro está, isto para quem tem como prioridade uma carreira de sucesso.
Artigo original:Â Â Human Resources Portugal 56, Â Maio 2013
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